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Equipamento usado cria novo negócio para IBM

Ana Zamper, diretora do Banco IBM: todas as semanas, a companhia recebe de volta de seus clientes no mundo cerca de 612.350 quilos de máquinas

Mais que qualquer outra indústria, a busca por inovação sempre foi uma marca das empresas de tecnologia. Nos últimos anos, o reforço dessa característica vem fazendo com que os consumidores troquem rapidamente produtos adquiridos pouco tempo antes. Computadores, smartphones, tablets e outros equipamentos tornam-se obsoletos a ciclos cada vez mais curtos, substituídos por novas versões que chegam ao mercado com recursos, sistemas e desenho mais avançados.

Por trás desse cenário, uma questão preocupa os fabricantes do setor: o que fazer com os equipamentos que perdem o interesse entre consumidores, sejam eles indivíduos ou empresas? 
O Banco IBM – braço financeiro da IBM no Brasil – decidiu transformar esse desafio em uma oportunidade de negócios. O banco é responsável pela oferta de financiamentos para incentivar a aquisição de equipamentos, sistemas e serviços da IBM e de seus parceiros no país. Na esteira do crescimento de suas operações, a instituição está investindo na remanufatura de máquinas que retornam à companhia ao término dos contratos de leasing operacional.

O processo envolve servidores – computadores que administram os recursos de uma rede – e mainframes, como são conhecidos os grandes computadores que centralizam o processamento de informações de bancos e operadoras de telefonia. Até poucos anos atrás, os micros de mesa (desktops) também estavam incluídos no projeto. “Hoje, porém, recolher um PC já depreciado e agregar o custo de remanufatura torna esse processo inviável”, disse Ana Zamper, diretora do Banco IBM.

Os PCs usados recebidos pela IBM passam por uma triagem. Uma parcela deles é revendida para redes de assistência técnica, que reaproveitam os componentes das máquinas. Os demais são destinados à reciclagem, por meio de parceiros homologados pela IBM. Antes, a companhia realiza um processo de descaracterização do produto, destruindo os dados contidos no disco rígido do computador. 
Os servidores e mainframes, considerados de alto valor agregado pelo banco, são os alvos do processo de remanufatura. Quando retornam ao inventário da IBM, essas máquinas passam pelos mesmos testes de controle de qualidade a que são submetidas em seu ciclo de fabricação. Esse processo serve para identificar possíveis falhas e desgastes de componentes. 
Empresas de menor porte estão entre os interessados em adquirir máquinas usadas de grande porte.

Depois de recondicionados, os equipamentos voltam a ser oferecidos aos clientes empresariais da IBM. As condições de venda são as mesmas de um equipamento novo. Além da possibilidade de financiamento, o pacote inclui garantia de um ano e contrato de serviços de manutenção. Os preços, no entanto, são menores. A IBM não revela qual o desconto concedido, já que isso varia caso a caso, dependendo dos softwares e dos serviços envolvidos, entre outras variáveis. 
O Banco IBM não divulga números locais da estratégia. Ana disse, no entanto, que os índices estão muito próximos dos observados na operação mundial. Globalmente, a IBM recebe 612.350 quilos de máquinas por semana. Cerca de 90% desses equipamentos são recolocados no mercado. Apenas 10% são destinados à reciclagem. 
Um estudo global recente da consultoria IDC mostra que as companhias gastaram cerca de 15% de seus orçamentos de tecnologia na aquisição de equipamentos usados entre novembro de 2010 e novembro de 2011. Não há informações disponíveis sobre o mercado de equipamentos usados no Brasil.

A demanda por esse segmento no país tem sido impulsionada por uma série de fatores, afirmou Ana. O principal aspecto é o custo mais baixo para a atualização dos ambientes de tecnologia da informação (TI) das empresas. Essa abordagem está ganhando força nas companhias que preferem ser cautelosas ao integrar sua antiga estrutura com novas aplicações. “Em vez de migrarem diretamente para tecnologias que ainda não estão amadurecidas, elas preferem adotar máquinas usadas para essa transição”, explicou a executiva.

Os equipamentos usados também estão sendo aplicados na implantação de estruturas paralelas de tecnologia. O objetivo é ter em mãos uma alternativa rápida em casos de eventuais falhas nas máquinas novas para manter as operações no ar sem grandes prejuízos. Os servidores remanufaturados têm sido usados também para reforçar a disponibilidade das redes empresariais em picos sazonais de demanda, como as operações de uma rede varejista na época das festas de fim de ano.

Para o Banco IBM, os benefícios são diversos. A estratégia oferece uma alternativa para estender o ciclo de vida dos equipamentos, ampliar o giro do inventário e rentabilizar o processo, disse Ana. Além disso, a iniciativa vem abrindo novas oportunidades para a IBM. “Estamos conseguindo atingir outro perfil de cliente, que dificilmente alcançaríamos com uma máquina nova”, afirmou a executiva. 

Veículo: VALOR 16/07/2012