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Locamérica investe para ampliar frota neste ano

Porto, sócio da Locamérica, diz que para financiar expansão, a empresa estuda captar R$ 200 milhões, em debêntures e leasing

Terceira maior empresa do país no mercado de locação de veículos, a Locamérica planeja investir R$ 400 milhões neste ano em compra de veículos. “Vamos ampliar a frota de 22 mil para 27 mil e baixar a idade média do veículo de 18 meses para 12 meses”, afirmou um dos sócios da empresa, Luis Fernando Memória Porto, que projeta chegar a um faturamento de cerca de R$ 500 milhões neste ano.

Para financiar a expansão, a empresa estuda captar R$ 200 milhões neste ano, em debêntures e leasing. Os recursos ajudarão a renovar sua frota e a alongar o perfil de sua dívida.

Em 2011, o plano é faturar R$ 173 milhões com revendas e R$ 327 milhões com locações, alcançando cerca de R$ 500 milhões de faturamento total. Em 2010, foram gastos R$ 291,8 milhões na compra de veículos, ante um faturamento de R$ 218,7 milhões com a locação da frota de 22 mil unidades e R$ 113 milhões com a venda de seminovos, o que resultou em R$ 332 milhões faturados.

O mercado de locação de automóvei s no Brasil cresce a taxas chinesas desde o final dos anos 90. No ano passado, a Associação Brasileira de Locadoras de Automóvel (Abla) avalia que houve expansão de faturamento de 30%, para R$ 5,7 bilhões. O balanço oficial do setor deve ser divulgado em março.

No caso da Locamérica, o crescimento tem sido de forma acelerada: em 2008, a empresa faturou R$ 207 milhões, com uma frota de 15 mil veículos. É menos da metade do que projeta para este ano.

“O tíquete médio da locação aumentou 35% nos últimos dois anos, nossa gestão conseguiu controlar custos e mantivemos alto índice de investimento com as captações que conseguimos fazer”, disse Porto. Como é o padrão no setor, o endividamento é expressivo, já que há um uso intensivo de capital. Ele informou que a dívida global da Locamérica é de R$ 400 milhões. “Deste total, 22% tem vencimento de curto prazo”, afirmou.

O grupo fez em 2010 duas operações de debên tures, que somam R$ 225 milhões e para este ano está estruturando uma terceira emissão que não será menor do que R$ 100 milhões e poderá atingir R$ 150 milhões. “Nossa necessidade de captação este ano é de R$ 200 milhões e ainda estamos estudando qual será a parcela a ser captada com debêntures e qual usaremos leasing, mas a tendência é concentrarmos em debêntures.”

Em 2010, segundo Porto, os R$ 225 milhões de debêntures emitidas corresponderam a 80% do total captado ao longo do ano. Os recursos são usados para renovar a frota e alongar o perfil da dívida. A empresa também usa a geração própria de caixa para adquirir veículos. A primeira debênture feita em 2010, de R$ 125 milhões e coordenada pelo Credit Suisse, vence em 2013. A segunda, de dezembro, coordenada pelo Itaú, vence em 2016. Porto não informou as condições financeiras das operações.

Em 2008, a Locamérica financiou sua expansão vendendo 34% do capital para o Banco Votor antim, que injetou R$ 110 milhões. Em 2009, ficou restrita às linhas de leasing e capital de giro.

“Todo o setor teve dificuldades de se financiar em razão da crise econômica global. E a escassez de crédito não atingiu apenas as empresas pequenas e médias. Mesmo as grandes tiveram dificuldade de obter linhas de financiamento”, disse Porto. A venda de parte do capital é um dos fatores que levaram a agência de classificação Fitch a dar para a Locamérica o grau BBB (bra), o que a situa abaixo da Localiza, mas acima da Unidas.

A maior empresa no ramo, a Totalfleet, do grupo Localiza, contava com uma frota em torno de 26 mil veículos em 2010. A segunda empresa no ranking é a portuguesa Unidas. Essas duas empresas, além de alugar carros para companhias, fazem locação de veículos para pessoa física. Neste segmento, diz Porto, a Locamérica não entrará. “É um outro mercado, que exige outra estrutura de vendas. Não temos, nunca tivemo s e nem pensamos em ter carros para locação de pessoas físicas”, afirmou.

A Locamérica foi criada em 1993, quando Porto se formou como administrador de empresas. Não havia tradição familiar no ramo de serviços. O pai do empresário, o ex-vice-governador de Minas Gerais, ex-senador e ex-ministro da Agricultura Arlindo Porto (PTB), atual vice-presidente da estatal de energia elétrica Cemig, financiou a operação no primeiro ano, quando Porto comprou 16 automóveis. Seu primeiro grande contrato foi com a empreiteira Mendes Junior. “Hoje nossos maiores clientes são dos ramos de alimentos e bebidas. Depois vêm as empresas de telecomunicações. A seguir as de mineração e só então as empreiteiras. O setor público corresponde a 6% de nosso faturamento”, disse Porto, que afirma ter cerca de 200 clientes.

Veículo: Valor – 10/02/2011